Foi numa noite como outra
qualquer, você no mesmo local e mesma mesa de sempre, pondo em prática seu
papel favorito: O garanhão, pronto pra resgatar a próxima vítima. Ela passou,
cê gostou e foi atrás, ela não deu bola, mas isso só lhe deixou ainda mais disposto
a conquista-la, o desafio é atraente, não é mesmo?! Enfim conseguiu o que
queria, ela te deu chance. Mas ela era diferente, não era boba e ingênua como
todas as outras, foi aí que você botou em prática seu segundo papel, o do cara
diferente, sincero. Então as coisas foram fluindo, e ela lhe apresentou a
melhor amiga, uma espécie de controle de qualidade ambulante dela, e no papel
de cavalheiro e exceção masculina você foi encaixado e classificado pela tal.
Os dias passando, você dando atenção, cheio de conversas, não demorou muito pra
levar o papel de “príncipe encantado”. Foi então que, conhecendo as pessoas que
a ela rodeavam, foi percebendo que ela realmente era diferente, que era mulher
demais pra você. Então não suportando a bagagem que ela carregava, apesar do
porte físico, vestiu o papel de covarde e então começou a sumir, até que sumiu
de vez. O que fez ela se culpar, achar que tinha sido algo feito por ela, mas
como uma mulher diferente das outras, ela tinha o amor próprio, e amigas que
serviam de pilar. As coisas foram surgindo, ela descobrindo sua farsas, suas
mancadas, e sua máscara enfim caiu. Você se fez de homem, mas era apenas um
garoto. Não conseguiu fazer com que ela quebrasse a cara, mas fingiu
direitinho, chegou perto, bem perto. No papel de ator você vestiu o personagem
com excelência. Se indicado ao Oscar, desbancaria até mesmo Jonnhy Depp, o
homem das mil faces. Eu não entendo o que se passou por sua cabeça, ela muito
menos. Mesmo assim não há rancor, você não foi capaz de despertar tamanho
sentimento. Então quem sabe um dia apareça disposto a nos contar sua história e
mude a imagem que deixaste. Enquanto isso não ocorre essa história acaba aqui ,
assim como o seu espetáculo. Mas não antes de lhe dá o papel que, até agora,
melhor lhe classifica, o de PALHAÇO.
(Heloisa Bezerra)